"Começar por dizer que esta é uma “Carta de Recomendação” seria, talvez, um bom princípio. Todavia, se vou falar da Ana, é preferível começar de outra forma…
Era uma vez uma jovem adulta (ainda muito adolescente de espírito…) que há nove anos atrás (esta constatação provocou uma breve taquicardia à escriba por subitamente ter ganho consciência da passagem do tempo!) iniciava uma nova fase na sua vida.
A de uma recém licenciada, virgem para as lides do mundo do trabalho que, não encontrando colocação na área da sua vocação académica constata que, afinal, de vocação a experiência académica não teve nada, portanto, toca a explorar o mundo numa qualquer outra área! Aparentemente resoluta e aventureira esta jovem “adultescente” tinha a Grande Muralha em seu redor quando, seguindo a corrente do mercado de trabalho, iniciou o seu percurso profissional, do lado dos assalariados na Fábrica das Palavras – vulgo Call Center.
Pois que a nossa jovem – não, não é ela a nossa heroína, antes o alvo dos actos heróicos da “recomendada” - bicho de casulo muito fechado, via de relance uma outra jovem cujos lindos olhos azuis emanavam o arco-íris de tal forma que ele se reflectia na sua (dela, a “recomendada”) indumentária! Ora, para um fato cinzento, tanta cor ofuscava. Por arte do destino (sendo que aqui a doutrina diverge largamente! mas, por uma mera questão de conveniência chamemos-lhe destino!) eis senão quando estas duas personagens se vêem colocadas na mesma equipa tendo de trabalhar em conjunto.
Quando todo o restante grupo lançava sibilantes comentários a esta estranha conjugação astral, prevendo que ela fosse venenosa uma vez que seriam as duas concorrentes à mesma posição –a nossa “adultescente” acinzentou ainda mais o seu fato, agigantou a sua Muralha (não por ambição mas por puro desconforto), encolheu-se na sua carapaça. Perante uma reacção tão calorosa a sua “arqui inimiga” decide e age em consonância com ela mesma: recebe-a com um iluminadíssimo sorriso, reflectido pelas suas meias às riscas vermelhas e brancas (nunca me hei-de esquecer daquelas meias!!) , predispondo-se, genuinamente, a que partilhassem um caminho em que ambas, certamente, aprenderiam!
Felizmente houve do lado do fato um rasgo de inteligência. Fez o que sabia: esboçou um sorriso esganado que foi recebido pelo arco-íris como se do maior tesouro se tratasse!
O nome de Barcelos (a equipa!) abençoou esta amizade onde uma galinha (que afinal não o era) era coroada diariamente de rainha pelos pintainhos (fato incluído!). Até que, num dia solarengo, veio a coroação oficial e a Ana passou a reger os destinos da Barcelos da qual eu fazia orgulhosamente parte!
À semelhança desta poderia contar-vos inúmeras outras histórias. E talvez não fosse pior! Conseguiria assim melhor demonstrar a sua capacidade de iniciativa, o seu bom fundo, a sua persistência, o seu extraordinário espírito positivo, a sua sede por mais.
Temo, todavia, aborrecer-vos.
Tento apenas, resumidamente (porque uma Amizade nunca se consegue resumir), dizer-vos que sou fã da Ana! Mesmo quando ela insistia em tirar-me de livrarias e discotecas e levar-me a ver lojas de roupa (afinal havia outras cores que não o cinzento!); mesmo quando acusava algum cansaço de todo o cepticismo e resistência que este fato oferecia às suas “fortes convicções”, mesmo quando, com todo o pragmatismo de uma sonhadora de pés assentes na terra, me dava empurrões em direcção à vida.
Crescemos as duas pessoal e profissionalmente, partilhando durante 7 anos, o mesmo local de trabalho. Continuamos a crescer, e a Ana continua a demonstrar o dom de fazer crescer! "
By P.B. Silva - 14/04/2009
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